quinta-feira, 26 de abril de 2012

começo...

(o corpo na arte ou o corpo como arte)

o corpo como território singular da afirmação do indivíduo na sociedade ou objecto colectivo, cifra, letra de um tempo. o corpo humano como sujeito, suporte ou linguagem. o tempo através do mais ancestral território da comunicação. lugar reflexivo, sílaba de um discurso ou o corpo como reivindicação do eu. fonte da singularidade consciente, erro natural, subversão ou sobreversão. coisa nova. afirmação da posse e domínio pela mutilação com o passado divino. pela mutilação, tão só! pela marcação de outros sinais! tatuagem simultaneamente apartadora e suturante. resgate da coisa única, singularidade do restrito, gravura de nascença, marca de passagem, exercício semiótico. 

luta que vem dos fluidos primitivos, força que atravessa o osso e se arremessa contra a pele. primeiro estágio da inquietação. depois o exterior, táctil e visível, o cheiro e os líquidos marcadores matriciais, do apelo e repulsa. gestos, impulsos, gritos telúricos ou o silêncio que sai dos olhos e sobe em arco pela distância ao outro. contenção ou desarranjo. afago ou coice tribal. o corpo, altar sagrado e simultaneamente profano, falível e finito. contraponto mundano e sincero da abordagem que, pela arte, até agora, o resgatava para o domínio do sagrado, como manifestação do transcendental revelado, representação fantástica, alegórica e ilusória. 

fg 
março de 2011




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