quarta-feira, 25 de abril de 2012

"cidades imaginárias"

fernando gaspar_pintura: série cidades imaginárias

Cidades imaginárias

Esta série versa um tema desde sempre muito caro ao universo da arte. De facto, as cidades exerceram sempre na pintura um enorme fascínio e sedução. Lugar de memórias, conflitos, conquistas, vida e morte. Lugar de chegadas e partidas. Estruturas que se foram fazendo lentamente, complexas e estratificadas. Assim acontece tela a tela nesta colecção – o desenho arranca da memória as sombras e os volumes, as silhuetas e as cores e procurando a ordem e o equilíbrio funda os princípios da urbe. A tinta valida-o se lhe escapa ou elimina-o, a ele se sobrepondo como suporte virgem para outros traços, outras tentativas, como se a própria cidade regenerasse de tempos a tempos a sua derme. Como de facto acontece! São lugares que existem na nossa memória de viajantes mais ou menos experimentados. Memórias que se sobrepõem em transparências. Cidades como se fossem cebolas, casca a casca se revelando. A organização de trabalho no espaço concreto no seu suporte/tela, dá-se como se emergisse dum ponto algures na zona central da tela, tratado de uma forma, pictoricamente mais tranquila e previsível e fosse explodindo em força, arrojo e síntese na direcção do observador – se atentarmos na maneira como as cidades nasceram e cresceram, conseguimos estabelecer algum paralelismo. Efectivamente as cidades (com muito raras excepções) nascem como um pequeno aglomerado, casco tímido e apertado e vão, com o tempo, soltando-se em linguagem e forma dessa cinta que lhe deu origem e ajudou a vingar. Expande-se depois e atinge na contemporaneidade da sua existência a variedade e o pragmatismo das formas que determinam os códigos e o imagético do tempo que é o nosso. Esta série tenta, cumprindo esta abordagem, levar-nos aos lugares da nossa memória, às cidades da nossa vida.

fg























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